quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

De Vila Franca de Xira a Nurenberga na Alemanha


Há um pequeno restaurante no centro comercial de Vila Franca de Xira onde vou, quando posso, comer uma sopa e um bitoque. As batatas fritas são as melhores do mundo. Não há restaurante de luxo ali por perto que consiga pôr-me no prato umas batatas fritas tão saborosas.
O senhor que atende na mesa é simpático e a comida não é cara. Há uns tempos disse-lhe que precisava de comprar espaço publicitário num jornal da terra e perguntei-lhe em que jornal é que ele me aconselhava a investir.
Resposta quase pronta: no Vida Ribatejana. Dei uma volta à conversa, falamos sobre outros jornais, e como ele não se descosia a falar de O MIRANTE fui directo ao assunto. Também já me aconselharam O MIRANTE.
O que é que acha?
Bom, é um grande jornal mas é mais dedicado aos concelhos vizinhos de Azambuja e Benavente, rematou.
Depois desta conversa já voltei à mesa do pequeno restaurante mais duas vezes.
As batatas fritas continuam saborosas e o atendimento excepcional. A toalha de mesa é de papel pardo, as mesas e as cadeiras são de plástico e o lugar do restaurante onde gosto de me sentar é de passagem. Por causa das batatas fritas continuo a achar que aquele é o melhor lugar do mundo para comer uma refeição rápida. Na última vez que lá me sentei vi passar duas pessoas com O MIRANTE debaixo do braço. E disse para comigo: o pessoal de Azambuja e de Benavente anda muito por Vila Franca de Xira.


Tenho um primo chamado João Emídio que é um dos melhores, senão o melhor, da família paterna. Um dia destes estive a ouvir contar sobre as suas razões que já têm sessenta anos e quatro bypass. Aventuras de vida que o levaram a correr mundo depois de se despedir da fábrica de tomate da Chamusca que, dantes, dava emprego a meia vila.
O João tem um neto quase com a idade do meu filho. Conta ele que o miúdo vive perto de Nuremberga, na Alemanha, com os pais, e anda numa escola pública das melhores. O currículo escolar este ano já incluiu uma semana como “professor” de alunos do ensino básico, uma semana como “cozinheiro” num restaurante da cidade e outra como “guarda-florestal” do parque ambiental da região.
O meu filho Bernardo está “parado” este ano a repetir uma disciplina do 12º ano embora o ano passado tenha sido um aluno com média de quinze. Se Portugal tem um ensino público e os professores são uns santinhos e não sabem nada disto então eu sou um marciano. E se estes tipos que nos governam, e os outros que nos governaram, viajam tanto e não vêem mais do que auto-estradas, e não visitam mais que bordéis e casinos das cidades dos países da Europa por onde viajam, então eu quero sair deste filme o mais rápido possível. Quem sabe ainda a tempo de emigrar.

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