quarta-feira, 4 de março de 2009

José Sócrates e Belmiro de Alzevedo


Há cerca de dez anos sentei-me a uma mesa para jantar com um ex-presidente da Câmara de Lisboa e com o seu chefe de gabinete da altura, e ouvi contar como Belmiro de Azevedo é, ou era, raçudo a tratar dos seus negócios.
Não posso, nem devo, contar pormenores mas ficou bem claro na minha mente que o poder do dinheiro na democracia portuguesa é tão forte como era o poder de Salazar antes do 25 de Abril.
Belmiro de Azevedo queria umas torres por cima do Centro Comercial Colombo. O presidente da Câmara de Lisboa e toda a sua equipa destruíram esse sonho de Belmiro. E os episódios à volta das pressões davam um livro que não quero nem me interessa escrever.
Mais de dez anos passados depois desta história, que já estava a ser contada quase com barbas, eis que já se erguem as famosas torres por cima da estrutura do centro comercial Colombo. Belmiro de Azevedo demorou muitos anos a conseguir os seus objectivos. Mas conseguiu-os.
Não quis saber na altura em que ouvi contar a história se a guerra era pessoal se em nome dos interesses urbanísticos da cidade. Só me interessou reter o essencial da conversa que envolveu homens poderosos da política e do dinheiro. E não tenho dúvidas que, ontem tal como hoje, os homens do dinheiro são muito mais poderosos que os homens da política.


Quanto mais se bate no Sócrates mais eu tenho simpatia por ele. Não pela pessoa mas pelo político. Pouco vezes gostei de um primeiro-ministro como gosto de José Sócrates. Não se dobra aos jornalistas que acham que também podem governar através das páginas dos seus jornais ou televisões; anda a fazer, pouco mas anda a fazer, as reformas que Cavaco, Guterres, Durão e Santana, para não falar de outros, nunca ousaram. Da minha parte e, por enquanto, merece o benefcio da dúvida. Mas como em democracia quando as coisas correm mal para uns… cornos para todos, está a pagar bem caro no caso Freeport a falta de uma justiça célere, a falta de juízes e de funcionários judiciais, a reforma da justiça para sermos mais exactos.
É verdade que quando era ministro do Ambiente aprovou projectos a correr antes do seu poder expirar. Mas não é assim como todos os Governos e com todos os ministros em todos os ministérios desde o 25 de Abril de 1974 ? Que classe política é esta que ladra ladra mas nunca mexe no essencial para continuarem a criticar o que é acessório? Dá vontade de rir ouvir os políticos do PSD a criticarem as políticas de José Sócrates e dos seus ministros. O PSD é um partido desbaratado; sem líder à altura; sem coesão interna; cheio de barões e condes que esperam a oportunidade do eleitorado ficar cansado dos socialistas para se lançarem ao poder dentro do partido e depois ganharem o país para fazerem ainda pior do que já fizeram. 

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