quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O brilho do ouro scalabitano


José Sócrates veio a Santarém receber o ouro oferecido pelo município scalabitano na semana em que voltamos a fazer manchete com a situação de incompatibilidade de Joaquim Rosa do Céu à frente dos destinos da Região de Turismo de Lisboa e Vale do Tejo.
A edição de O MIRANTE caiu nas mãos de Sócrates em plena visita ao convento de S. Francisco onde decorreu a cerimónia da entrega da medalha de ouro da cidade. Sem saber o que o esperava, Sócrates recebeu o jornal sorridente e resolveu ler, em voz alta, o título da manchete como para agradecer a oferta do jornal. Quando percebeu o incómodo da situação, que deixou também a comitiva mais próxima do primeiro-ministro em silêncio, desembaraçou-se do jornal e comentou com a voz ainda mais excitada que conhecia aquele personagem e que ele deveria andar por ali. E depois lá seguiu o caminho da mina de ouro que Francisco Moita Flores lhe apontou em pleno coração de Santarém, a cidade que Sócrates conhece apenas de brevíssimas passagens, ignorando, por exemplo, que no último reinado socialista foi a cidade portuguesa que mais licenças concedeu para a instalação de grandes superfícies comerciais, o negócio mais ruinoso para a economia de qualquer concelho.
O ouro entregue a Sócrates por Francisco Moita Flores não o desresponsabiliza das malfeitorias que o Partido Socialista continua a permitir, nomeadamente ao nível das regras de conduta de alguns dos seus dirigentes nacionais e locais. Um Partido com as credenciais do PS não pode dar guarida a dirigentes manhosos e mentirosos, que usam e abusam de obscuras manobras para se perpetuarem no Poder, seja ele qual for, minando e corrompendo o regime democrático.
Nas próximas eleições legislativas não voto Sócrates se este Governo não repuser a legalidade a tempo e horas em instituições onde reina o oportunismo e a negociata.
O facto de ter votado nele nas últimas eleições obriga-me a deixar claro que se quer o meu voto outra vez vai ter que pôr na ordem os gestores de luxo que minam as instituições, malfeitores que não conhecem o sentimento de culpa e para quem as noções de responsabilidade cívica e ética são tão importantes como aquilo que vai agora pelo Tejo abaixo.
Também não voto Ferreira Leite nem sob ameaça. Não me identifico com o PSD nem com os barões que tomaram conta do partido. Aparentemente este é o PSD mais retrógrado desde Cavaco Silva.
Se Sócrates não mostrar, nos dias que faltam para acabar a sua governação, o brilho do ouro scalabitano com que quiserem premiar as coisas boas que fez ao longo da última legislatura, votarei nos partidos alternativos e ainda sem representação parlamentar.

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