quarta-feira, 1 de julho de 2009

O MIRANTE não é um jornal do PS *


     Gostava de escrever um livro com todas as minhas histórias de riso. Sei que não tenho génio para isso nem vagar para me entregar a um ofício que é muito mais de escravo que de sultão.
     Há uns anos frequentava o mesmo ginásio que um conhecido ministro do Governo de Durão Barroso com quem tinha umas “contas a ajustar” por causa da distribuição de subsídios aos jornais. No dia certo, à hora certa, encontramo-nos nos balneários, partilhando cacifos lado a lado. Cumprimentei o sr. ministro com um olhar sorridente e olhei em frente enquanto pendurava a minha roupa. A resposta, como não podia deixar de ser, foi um cumprimento educado. Viva sr. ministro, ainda bem que o encontro. Deve ter muito para me contar sobre os apoios que o Governo este ano atribuiu a um conjunto de jornais todos do mesmo grupo que ainda por cima tem como negócio principal a construção civil. Foi mais de meia hora de conversa com os calções na mão e a toalha ao ombro. A conversa foi muito civilizada, apesar de aguerrida, mas fiquei sempre com a sensação que o ministro mudou de ginásio para não voltar a cruzar-se comigo na hora do descanso.
     Foi no mesmo clube que um dia ouvi o Herman José em amena cavaqueira com dois amigos a propósito do processo Casa Pia. Como a conversa era picante fiz trinta por uma linha para fazer render o tempo que me tinha levado ao balneário para olhar o telemóvel e ver se tinha algum recado urgente. Devo ter demorado um quarto de hora a consultar o dito cujo. Foi tão demorada a consulta e a teatralização do acto que deu para ouvir um dos protagonistas dizer que o melhor era falar mais baixo que a conversa estava interessante mas havia um tipo a ouvir com cara de jornalista. Eu sorri e não fingi que era surdo. Saí do local com um até já e com uma nova toalha na mão. Fiquei com matéria para uma primeira página. Não pelas revelações mas pela opinião que o tio Herman tinha sobre a Justiça e os episódios curiosos das investigações e das ditas fugas de informação.
     No passado sábado, enquanto batia os braços e as pernas dentro da piscina como os tipos que sabem nadar (de verdade eu aprendi a nadar na água funda do rio Tejo, e para mim nadar é sempre fugir da água funda), reparei que a um canto, junto aos degraus, o Cristiano Ronaldo fazia alongamentos. Eu nadava de costas como sempre e ele de dez em dez segundos, depois de endireitar aquele corpo que parece o tronco de uma árvore, dirigia o olhar na minha direcção e sorria. Queres ver que ele pensa que eu sou a Margarida Rebelo Pinto (que também é nossa colega no Clube) ?
     Ah! falta contar que a certa altura adormeci na espreguiçadeira e fui acordado por um ronco muito estranho que me pareceu de um jogador de futebol. Quando olhei para o lado, a pensar que o Cristiano ainda lá estava de telemóvel na mão e com a toalha enfiada na cabeça como um muçulmano, o que vi foi uma inglesa de 20 anos a olhar para mim com cara de espanto. Bolas!! Bem diz o meu filho Bernardo que eu ressono alto sempre nas piores alturas.


     * Depois explico este título que não tem nada a ver com a crónica.

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