quarta-feira, 21 de novembro de 2007

O negócio sujo da publicidade selvagem


Tem que haver compadrio entre os políticos e as empresas que exploram a publicidade exterior em Portugal para que a ocupação do espaço público com publicidade continue a crescer de forma vergonhosa. Ninguém de bom senso acredita que os políticos estejam a dar o seu melhor para mandarem cumprir os regulamentos municipais de publicidade, ou que estejam a fazer o que deviam para cobrarem o justo valor, principalmente naqueles casos em que a ocupação do espaço público obedece a critérios razoáveis. Ao contrário do que acontece por todo o mundo em Portugal ainda se incentiva o negócio e cobram-se valores completamente irrisórios tendo em conta os valores de mercado que todos sabemos estarem em causa quando se anunciam marcas internacionais que habitualmente gastam milhões na sua imagem.“Se perderes a cabeça resta mais espaço para a poesia”. “Goza a vida enquanto és vivo pois vais estar muito tempo morto”. Recorro a estas duas frases que tenho à minha frente, em cima da secretária, para me inspirar para a crónica desta semana. Estou disponível para escrever sobre um assunto feliz que me deixe bem disposto para dormir um sono sossegado. O problema é que acabo de chegar de uma viagem a Lisboa e não me saem da cabeça as imagens da publicidade selvagem que cada vez mais poluem os espaços públicos da nossa região.
Não sou daqueles que corre risco de vida por causa da publicidade exterior afixada em curvas e rotundas, mesmo em frente dos olhos dos condutores de forma a tirarem-lhe a visibilidade e atenção necessárias para fazerem uma condução segura. Mas sei que uma boa parte dos acidentes que acontecem são fruto da distracção provocada pela publicidade selvagem. O facto de não me deixar distrair pelo apelo da publicidade, que suja os espaços públicos, não me desresponsabiliza enquanto cidadão de denunciar este negócio sujo que provoca mortes na estrada e utiliza de forma vergonhosa áreas históricas, praças emblemáticas e a beira da estrada como se vivêssemos numa república das bananas.
Não me esqueço de um exemplo, que ainda há pouco tempo foi notícia no nosso jornal, de um presidente de junta da região que ao chegar ao executivo transformou uma receita de dois mil euros, que entrava de quatro em quatro anos nos cofres da junta, em mais de duzentos mil. E, segundo sei, o negócio para a junta ainda tem muito para dar mesmo disciplinando o uso dos espaços. Este exemplo tem rosto e pode ser confirmado numa busca ao nosso sitio em O MIRANTE .PT
Lá se foi a tentativa de uma noite sem agitação. Mas a alma ficou mais consolada. Faltam aqui os nomes dos políticos que todos percebemos lucrarem com tamanha irresponsabilidade. Esses dormem sossegados. Já não têm alma.

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