quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Orlando Raimundo


O livro que fotocopiei mais vezes ao longo da minha vida é da autoria de Alberto Dines e tem o título de “O Papel de Jornal”. Não está publicado em Portugal. Tem uma dúzia de páginas sobre as regras básicas da profissão de jornalista, em jeito de conselhos, que fazem do livro um verdadeiro tratado sobre a profissão.
O livro que li mais vezes tem como título “Cidade do Homem: New York” e é de um poeta espanhol chamado José Maria Fonollosa. Interessa-me aquela poesia sempre a renovar-se a cada leitura. E a ideia de que o escritor viveu um pouco daquela vida maldita que transpira nas suas palavras ajuda a fazer deste livro um dos meus preferidos e o que levaria para uma ilha deserta.
O livro mais barato que comprei até hoje foi um título de Baptista-Bastos numa edição da Asa. Baptista-Bastos é um dos meus escritores preferidos. Leio-o sempre como um clássico. Um escritor que eu já encontrei na minha adolescência e sempre imaginei como um dos descobridores da língua portuguesa. Os seus livros, que são muitos, usam as palavras que toda a gente usa para amar, para comunicar o que se vive e o que se sente, mas de uma forma admirável, que exige um leitor culto, inteligente, capaz de apreciar a sobriedade que parece excesso, a rendição serena e inteligente perante o universo e a condição humana. “As Bicicletas em Setembro” é o seu último romance. “Para onde vão os pássaros quando morrem”, “tínhamos-lhe perguntado” (: ) “Vão para onde morre o mar”, respondeu”. Este é um daqueles livros que se devia oferecer a todas as pessoas que ainda fazem anos e merecem uma boa lembrança.
O livro que ofereci mais vezes é da autoria do jornalista Orlando Raimundo e é um dos livros obrigatórios para todos aqueles que escolhem a profissão de jornalista. Há mais de 20 anos convidei Orlando Raimundo para um jantar de aniversário de O MIRANTE na altura em que ele era uma das maiores referências da ficha técnica do semanário “Expresso”. A uma carta simples e simpática que lhe escrevemos a pedir a sua comparência respondeu com um telefonema a dizer que podíamos contar com ele.
Ao longo destas últimas duas décadas encontramo-nos por aí uma dúzia de vezes. Sempre em trabalho e com o tempo contado.
Orlando Raimundo reformou-se do jornalismo profissional e agora dedica-se ao ensino e a uma pequena empresa que criou com alguns jovens jornalistas.
No passado dia 15 de Janeiro fui apresentar na Bolsa de Turismo de Lisboa um livro da sua autoria editado pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Foi a minha oportunidade de retribuir com tempo, admiração e estima aquilo que Orlando Raimundo nos deu há vinte anos e que lhe pagamos na altura com um simples obrigado.


Não há justiça no mundo para os meninos de Foros de Salvaterra que continuam a pagar a factura de viverem num país que não sabe estimar as suas crianças. O verniz das unhas da senhora secretária de Estado Idália Moniz é vermelho da cor das lágrimas das crianças desprotegidas.

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