quarta-feira, 18 de março de 2009

Os bancos a esmagarem os empresários


O presidente da NERSANT, José Eduardo Carvalho (JEC) já leva doze anos de trabalho à frente da associação. Nunca como agora, numa altura em que já anunciou a sua retirada, JEC é preciso na NERSANT ao serviço da causa que abraçou. Só quem conhece a aflição por que passam muitos dos empresários da região pode imaginar a forma como o presidente da direcção é solicitado para ajudar a resolver problemas que, na maioria dos casos, parecem irremediáveis. Já fui testemunha, em situação privilegiada, de verdadeiros apelos de emergência à direcção da NERSANT, em situações de vida ou de morte para as empresas. Só quem conhece as máfias instaladas na banca, nas empresas de serviços, nos escritórios de advogados que dominam o sistema, pode avaliar o alcance e a dimensão de uma ajuda tão personalizada e célere como é possível conseguir junto da direcção da NERSANT e do seu líder.
Na passada sexta-feira, enquanto em Lisboa se manifestavam cerca de duzentos mil trabalhadores, o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, ouviu JEC recordar que o emprego é o efeito da actividade das empresas e não o contrário; que o sistema financeiro português está muito mais afinado que o sistema empresarial e que, por isso, os bancos estão a esmagar os empresários.
Em poucas palavras JEC lembrou todas as boas medidas do Governo de Sócrates para combater a crise e ajudar os empresários. Mas lembrou também que, no fundamental, os apoios estão a ser desvirtuados; a banca tradicional não é a melhor aliada dos empreendedores e, por isso, é preciso descentralizar nomeadamente integrando os apoios no sistema das sociedades de garantia mútua.
Sabem qual foi a resposta do ministro a todas estas questões relevantes e concretas? Queixinhas contra a comunicação social; lamentos por os sindicatos estarem a promover manifestações; palavras de lamento por sentir que nas bases as propostas do Governo são bem aceites mas, quando chega a vez dos sindicatos intervirem, está tudo estragado devido à partidarização das associações e sindicatos. Como se todos nós não soubéssemos que é assim que funciona uma democracia, e que quem está no Governo não pode queixar-se do exercício da crítica.
Este texto era para ser um elogio ao presidente da direcção da NERSANT. Com os seus conhecimentos, com a sua experiência, com a capacidade de trabalho que lhe conhecemos, é a pessoa indicada para continuar a ajudar aqueles que, hoje mais do que ontem, precisam de uma associação empresarial forte e interventora. Mesmo tendo feito muito nestes últimos doze anos, a maioria dos empresários com quem falei entendem que a continuidade de JEC à frente da direcção da NERSANT é tão necessária como a retoma da economia.
O que era para ser um elogio acabou por se tornar num apelo. Não faço mais que dar voz aos empresários que na passada sexta-feira, num almoço informal, ouviram com preocupação a voz sumida do ministro do Trabalho.

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