quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Um voto esclarecido


Gosto de votar em todas as eleições. Mas gosto mais de votar para a eleição dos órgãos autárquicos. Sinto-me verdadeiramente a participar na vida da minha comunidade. Nas autárquicas sinto-me representado. O meu voto conta e eu posso pedir contas se ele estiver a ser mal utilizado no caso de ter contribuído para um mau governo ou para uma triste oposição. Não é por acaso que a lei eleitoral demorou tanto tempo a ser revista. E não é por acaso que os autarcas foram os parentes pobres da nossa lei. O nosso regime é democrático mas alguns dos nossos democratas, mesmo escolhendo entre os melhores do PS e os piores do PSD, são mais velhos que o diabo.
Se eu votasse em todos os concelhos da região do Ribatejo, e pudesse escolher entre os melhores candidatos, independentemente dos partidos, escolhia os candidatos que menos vezes me tivessem deixado sem água para tomar banho de manhã quando me levanto para ir trabalhar. Escolhia aqueles que deram menos emprego a pessoas das suas famílias; os que não desviaram estradas nacionais para instalarem superfícies comerciais à beira da estrada;
De entre todos os candidatos escolhia aqueles que prometem horários mais alargados para as piscinas municipais; os que prometem construir e conservar ringues e pavilhões desportivos de forma a que a prática do desporto seja quase uma obrigação na nossa vida e na vida dos nossos filhos; escolhia entre aqueles que prometem ajudar as associações com pessoal técnico e habilitado (há aí novos profissionais a saírem das universidades com licenciaturas em desporto, acção cultural e social, e ninguém pensa neles e na importância que podem ter ligados às associações de cada uma das nossas terras).  Escolhia entre os candidatos/políticos que não vivessem em casas do Estado ou da câmara nem trabalhassem para o Estado ou para as autarquias. Escolhia entre aqueles que não devessem à Segurança Social nem ao Fisco; votava naqueles que dão provas de que são profissionais de sucesso mesmo que o seu ofício seja o de limpa - chaminés. Escolhia os candidatos que compram pelo menos um jornal por dia e que vão ao cinema no mínimo três vezes por ano; E não me esquecia dos candidatos que sabem negociar com o Governo e com as Misericórdias o apoio às famílias mais carenciadas.
Escolhia, sem qualquer dúvida, o candidato que apresentasse a melhor proposta para regar a relva dos jardins da minha terra com água do rio e não com a água da rede pública; Escolhia o candidato que prometesse acabar com o emprego nas autarquias como forma de promover a mandriice, a irresponsabilidade; a corrupção e o compadrio.
 Por último; nunca votaria num candidato que fosse advogado e construtor civil, ou especulador imobiliário, ao mesmo tempo. Nunca votaria em candidatos que promovem o caciquismo ou que dependem dos favores dos caciques. Sou contra os interesses instalados, seja onde for, e tenho pena que esta campanha eleitoral tenha sido, regra geral, a mais pobre de sempre.

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