terça-feira, 1 de junho de 2010

Os palermas do costume

Este espaço é para escrever sobre a nossa região e a nossa gente; sobre os nossos problemas e as nossas histórias. Nem sempre é possível cumprir o prometido. Não somos um verbo-de-encher no meio do rectângulo e a verdade é que o país parece uma mentira monumental. Há muito tempo que José Sócrates deixou de ser o tipo teso e esclarecido que convenceu o povo português com a sua autoridade e o seu olhar de antes quebrar que torcer. Pelo andar da carruagem um dia destes continuamos muito orgulhosos do nosso primeiro-ministro, que continua teso que nem um pau de virar-tripas, mas nem sequer temos força para o fixarmos olhos nos olhos de tal forma que ele e os seus dilectos ministros e secretários de Estado vão empobrecendo a nossa gente.
É difícil perceber como é que em tempo de vacas magras os gabinetes dos governantes vão gastar este ano mais dinheiro em deslocações, mais carros de luxo, mais milhões na aquisição de bens e serviços, mais euros para suas excelências os ministros e secretários de Estado se passearem a 200 à hora com os batedores da GNR a fazerem o alarido do costume quando deviam era andar a trabalhar no combate ao crime.
Que nos tratem como venezuelanos ou colombianos até se compreende pois somos um povo ainda muito salazarista e/ou gonçalvista (ou somos tudo ou nada), e bem merecemos os chefes que nos governam. Mas daí até fazerem de nós marcianos vai uma grande distância. Sócrates sabe muito bem que tem os dias contados como primeiro-ministro e que jamais recuperará a credibilidade que ganhou noutros tempos. Fazia um grande serviço ao país se entregasse o poder a um dos seus camaradas de partido, desde que não fossem as idálias moniz e os ruis barreiros desta governação, esses sim, o espelho do país miserável em que nos estamos a tornar.
Dou um exemplo para se perceber melhor quanto somos uns saloios ao tirarmos o chapéu a estes políticos manhosos que nos calharam em sorte. Em Inglaterra, o ministro das Finanças, num dos anúncios de combate à crise, anunciou que os ministros vão começar a andar a pé ou de transportes públicos. Não é brincadeira não senhor. Só parece mentira aos que, como nós, nos comovemos com o coração aos pulos quando assistimos à chegada a uma festa dos nossos ministros e secretários de Estado: as sirenes dos batedores da polícia, e a pompa e circunstância que acompanha um palerma de um governante português, em Inglaterra já não se usam nem nas cerimónias de todos os dias onde participa a Rainha. Por cá ainda vivemos no país do faz de conta, como aliás se vive nos países do terceiro mundo onde o negócio do petróleo, dos diamantes, das armas e da droga, faz toda a diferença.

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