quarta-feira, 14 de julho de 2010

A falência dos empresários

José Eduardo Carvalho (JEC), presidente da NERSANT, tem vindo a apelar junto dos empresários da região para que se juntem ao coro de protestos contra as políticas dos últimos governos na relação com as empresas. Na última reunião em que estive presente, na passada semana, o seu discurso foi de tal forma cáustico e alarmante que provocou entre os seus pares comentários do género “acalme-se lá senhor presidente que nós não podemos fazer figura de revolucionários”. JEC respondeu num tom que já lhe oiço há algum tempo. “Nesta altura a situação é tão má que é impossível passar entre os pingos da chuva. Ou saímos em defesa dos nossos interesses ou vamos ficar atolados. Não podemos ser coniventes com as desgraças que estão a matar as empresas. Se isto continuar como está é certo que vamos morrer na praia se não morrermos entretanto na forca”. Foi assim que se expressou o líder dos empresários da região que é sem sombra de dúvida o único líder regional a fazer-se ouvir regularmente e o único que consegue falar e ser ouvido para além das fronteiras de um só concelho.
Embora não tenha uma boa impressão sobre a maioria dos empresários, concordando no entanto que há uma minoria que faz a diferença, percebo cada vez mais que a crise está a ter bons efeitos na forma como olham para a sociedade e como devem comportar-se nas relações com a comunidade e os governos, sejam eles quais forem.
Este grito de revolta de JEC, que certamente vai aumentar à medida que aumentarem o número de falências das empresas, e as actividades criminosas da banca e de outras instituições, como é o caso dos tribunais que sendo tão lentos, impedem o funcionamento a tempo e horas de qualquer justiça. Este grito de revolta vai tornar ainda mais ridícula a acção dos sindicatos, da maioria dos sindicatos, e de alguns protestos contra os patrões.
Para que a região e o país tenham futuro é preciso que as empresas e os empresários cuidem bem dos seus interesses e não se deixem esmagar pelo Estado, e pela banca, de forma a que continuem a manter e a criar empregos, continuem a dinamizar a vida social e económica da região onde se inserem, e mantenham uma produção de bens e serviços que seja concorrencial com as das grandes empresas internacionais que, surpreendentemente, inundam o nosso mercado e não têm nome nem rosto.
É dos lucros das empresas que vem aquilo que a sociedade precisa que é o emprego. Mesmo numa altura em que tanto se fala nos compromissos dos empresários com a biodiversidade, a sustentabilidade e a acessibilidade, a maior responsabilidade social que se pode pedir aos empresários é que cuidem em primeiro lugar dos seus próprios interesses. Se deixam falir as suas empresas a este ritmo adeus região e adeus Europa.

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