quarta-feira, 1 de junho de 2011

Cornadas e beijinhos

Há um tempo escrevi uma carta aberta neste jornal a uma senhora chamada Idália Moniz, que ainda está Secretária de Estado, a propósito de um caso relacionado com uma família em dificuldades. Cerca de 24 horas antes de publicar a carta no jornal resolvi enviá-la para o seu email por uma questão de cortesia e de respeito. A resposta imediata que obtive foram dois direitos de resposta que eram pura propaganda às políticas do seu Governo. No essencial a governante mandou bugiar os bons costumes e deu-me a resposta que eu, provavelmente, merecia. Quem te manda a ti ó sapateiro ires além da chinela foi o que eu pensei de mim próprio tentando não me castigar mais do que a conta.
Passaram muitos meses depois desta desconsideração. Há umas semanas, num lugar público, a senhora viu-me a conversar com uma pessoa conhecida, bateu com os olhos nos meus e disse alto de forma a que eu ouvisse: deixa-me lá ir aqui cumprimentar estes senhores e, com dois passos na lateral, aproximou-se de mim e encostou por duas vezes a sua cara na minha como é hábito fazer-se quando se cumprimenta com dois beijos.
Confesso a fraqueza; não tive aquilo que caracteriza um Homem para a mandar beijar o primo dela, que também deve ser político, e pedir-lhe mais respeitinho numa próxima vez que finja ser parola no relacionamento comigo.
Esta gente da política, regra geral, está habituada a dizer uma coisa pela frente e outra pelas costas; hoje é beijinhos amanhã são cornadas; hoje discutem a fingir e amanhã fingem que discutem; num dia falam a sério sobre coisas a brincar e no outro dia falam a brincar sobre coisas sérias; para as luzes das televisões arrufam; nos sofás das casas uns dos outros consolam-se e trocam piropos.
Há pessoas que dão muita importância aos cargos que ocupam e julgam que transpiram dignidade por estarem protegidas por um escudo invisível. Eu abomino as pessoas tacanhas da política; desprezo os políticos inaptos que usam o poder para se promoverem; fico pálido com os políticos obtusos que acham que somos todos uns parvinhos por sermos do povo e não frequentarmos o São Carlos. Só tenho uma forma de me vingar: falar deles pelos nomes próprios e esperar que ganhem vergonha.
Domingo há eleições. Vamos votar, outra vez, mais nos partidos do que nas pessoas. Mais de três décadas depois do 25 de Abril Portugal continua a ser governado por gente menor e pouco habituada a prestar serviço público.
Os Partidos são precisos à democracia mas as pessoas são muito mais importantes que os partidos. Aliás, o tema da minha crónica desta semana não me deixa mentir: Idália Moniz apresenta-se como empresária no seu currículo mas eu gostava de saber que negócios eram os dela quando veio para a política. A verdade verdadinha é que há pessoas que nunca tiveram uma profissão.
O resto são cantigas!

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