quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O “figurão” de Torres Novas


Num domingo muito recente S. Paulo recomendava aos cristãos pela voz do padre na missa: “Não devais nada a ninguém a não ser o amor de uns para com os outros”.
Fixo-me nestas palavras quando soube em números o valor das dívidas colossais de algumas instituições públicas e o que isso desespera, castiga, aniquila pela raiz milhares de pessoas, deixando certamente muitas delas à beira do desespero.
Não percebo como é que António Rodrigues, o autarca de Torres Novas, consegue ser um dos maiores caloteiros da região. É visível que o concelho deu um salto durante os seus mandatos. Percebe-se que os investidores que chegaram ao concelho nos últimos anos tiveram bons interlocutores nas autarquias e na comunidade para se fixarem em Torres Novas.
Mas o aparente sucesso do autarca António Rodrigues não justifica tudo e esconde, certamente, muitos segredos que talvez um dia ele consiga explicar. Não se percebe, por exemplo, como é que ele deve tanto dinheiro a pequenos fornecedores da autarquia que correm o risco de falência. Com o seu bigode de arame, a sua linguagem bestial, o seu jeitinho para a asneira, a verdade é que António Rodrigues tem conseguido alguns dos seus objectivos em termos políticos. E em Torres Novas, onde quase todos os políticos se dizem tão valentes como a espada de D. Sancho I, só António Rodrigues sabe o verdadeiro segredo da lâmina da arma do antigo Rei.
A última conquista política de Rodrigues foi a presidência da Associação de Municípios do Médio Tejo que é assim uma coisa parecida com um governo regional mas apenas com poderes para aproveitar a água da chuva.
António Rodrigues é o político das três pancadas. Cada vez que fala sai asneira; a única pessoa que o entende é o Xanana Gusmão; e tem tanto de descarado a dar para o malcriado como de medroso e traiçoeiro.
Se há coisas que eu gostava de saber por antecipação, como as bruxas, é quem vai pagar as dívidas colossais que António Rodrigues vai deixar quando largar o Poder na Câmara de Torres Novas, são e salvo, se os deuses estiverem do seu lado e for passear a sua ignorância e a sua arrogância, pessoal e política, para outras paragens, principalmente por ser muito amigo de Edite Estrela (alguns leitores não perceberão esta graça; no entanto, ela é o espelho do figurão que governa a Câmara de Torres Novas e não paga a quem deve).
Um dia, como é normal na política, António Rodrigues vai ser homenageado pelos serviços prestados ao concelho de Torres Novas e, quem sabe, alguns dos seus apaniguados vão propor uma estátua do autarca ao lado da de D. Sancho I. Na missa desse domingo, sim, a homenagem deverá ser a um domingo, o padre da terra há-de clamar que António Rodrigues foi o melhor exemplo da dedicação à causa pública. E citará S. Paulo que é um Santo que serve para todas as ocasiões.“A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros”. E o diabo há-de rir-se dos políticos, dos padres, e do rebanho tresmalhado.

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