quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O exercício do Poder


Ao longo da minha vida assisti às mais variadas formas de exercício do Poder. Poder no verdadeiro sentido da palavra que é o exercício da autoridade. A experiência foi essencialmente no mundo do trabalho. Por boas razões estendeu-se depois à área política e associativa mas onde sempre estive também em função do trabalho.
Nos últimos anos tenho apurado mais o meu espírito critico. Cheguei à conclusão que não nasci para exercer o Poder e já tomei a decisão de, assim que puder, abrir mão de algum poder que ainda tenho em função da minha vida pessoal e profissional.
Não abdicarei do poder de viver e julgar e ser julgado. Desse ninguém se livra a não ser que se torne vegetal. Por isso resolvi escrever sobre o tema.
Sem querer dar testemunho pessoal das minhas últimas experiências junto do Poder, sobre aquilo a que assisti e tomei o pulso (jamais falarei aqui dos segredos da minha caserna), tenho o direito e o dever, enquanto escrever nos jornais, de dar conta do sabor da carne apodrecida (que tanto fez as delícias de certos povos germânicos da antiguidade) embora me sinta igualmente livre para a vomitar pois o que me interessa fundamentalmente é a experiência.
Diz a história que aqueles que não têm tempo para ouvir o seu povo não têm tempo para governar. Mas nem sempre é assim a vida dos que chegam ao Poder. Antes de se demitirem das suas responsabilidades, antes de lhes faltar o tempo para ouvirem o povo, prometem deixar de comer e de dormir só para levarem a água ao seu moinho. Depois da conquista é o trabalho de controlar o Poder. Como o Império é sempre à medida do Imperador tudo o que eles querem e desejam são favas contadas.
O talento dos poderosos não é tanto o de governarem como saberem rodear-se de pessoal de confiança. Quanto mais o poder aumenta, e o tempo falta para outras coisas, mais o poder tende a concentrar-se nas mãos dos funcionários chefes, que por sua vez já dependem dos conselheiros e delegados do soberano.  Eles, os soberanos, gritam todos os dias que são Césares. Enquanto isso o reino vai apodrecendo e todos os dias aumenta a fila de bárbaros ligados pelo pescoço às ordens dos funcionários chefes ou dos leais conselheiros. Era assim no tempo da Roma antiga, é assim no tempo da troika e do euro e do Durão Barroso.
Dantes em cada século reinava um insensato. Agora cada dia que passa é um tempo de rotina para se elegerem insensatos poderosos.

Sem comentários:

Enviar um comentário