quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Os políticos pobres e os pobres da política


A grande maioria do povo português é anti-salazarista mas pensa como Salazar. Dou um exemplo: quando os jornais e as televisões resolvem com uma certa engenharia trazer a público o património da nossa classe política é uma algazarra que não há paciência que aguente. Tudo exprimido, a começar no ministro Miguel Relvas (PSD)  e a acabar no ex-deputado António Gameiro (PS), esta gente é a mais remediada da classe média. Os homens que eu gostava de ver no Governo e no Parlamento eram aqueles que já têm património que chega para dez gerações; quem eu gostava de ver no Governo era os homens que já ganharam fortuna (ou o que tinham a ganhar na sua vida profissional) e ficaram livres e disponíveis para servirem a causa pública. Com este povo e com esta opinião pública, que morre de inveja de quem estreia um fato novo, quem é o homem sério, que gosta de ver o seu nome respeitado, que arrisca servir o país ou a sua terra correndo o risco de ser enxovalhado por causa do valor que amealhou do seu trabalho de muitas décadas ou, eventualmente, das boas heranças que lhe calharam em sorte?
Desde o dia 25 de Abril de 1974 que o país é uma causa perdida ao nível do que é mais essencial a uma democracia; não há justiça cega; não há certeza de que vamos gozar o direito à reforma mesmo depois de tantos anos de contribuições; e quem se deitar a adivinhar que temos o nosso dinheiro seguro no banco pode estar bem enganado.
Foram os políticos pobres e os pobres da política que nos meteram nesta alhada. Foi sempre assim desde o 25 de Abril de 1974. Ninguém com fortuna pessoal foi para o Governo para dar de volta ao país, em serviço público, aquilo que o país lhe deu a ganhar. Todos, salvo raríssimas excepções, foram pobres para o Governo e saíram de lá ricos, quando não foi o caso de enriquecerem depois à custa dos lobbys. Há milhares de exemplos de políticos que entraram nos governos com uma mão à frente e outra atrás, e muitos ainda por lá andam, a desempenhar cargos relevantes ao mesmo tempo que têm escritórios abertos nas avenidas principais de Lisboa, com tabuletas à entrada da porta anunciando o negócio com o seu nome próprio, e apelido, exactamente como na República das Bananas.
Os homens ricos, os homens que tiveram sucesso na vida pessoal e profissional, que poderiam pôr ao serviço do país a sua experiência, dão lugar desde o 25 de Abril de 1974 aos políticos pobres, socialistas e comunistas, inaptos mas espertos, que de emblema partidário na lapela conseguem esta proeza inolvidável de transformarem o país numa casa de velharias do tempo dos nossos avós.
Com a crise vão aumentar os negócios manhosos que puseram o país de pantanas e acabaram com os recursos mínimos nas instituições públicas. Não há políticos do contra que não sejam os velhos comunistas, gente do mesmo circo, sempre os mesmos e com o mesmo discurso de sempre, todos cúmplices do publicitário que inventou aquela verdade sem espinhas de que “o Omo lava mais branco”.

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