quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O caso Rosa Damasceno


Esta semana não resisto a escrever sobre a leitura antecipada da edição de O MIRANTE que tenho o privilégio de ajudar a editar todas as semanas. Numa altura em que tanto se fala na reforma da justiça devemos ficar alerta para a decisão de um juiz que condenou a quatro anos e meio de prisão, com pena suspensa por igual período, um burlão que trabalhava para o BPN na zona de Fátima e que arrecadou, graças à sua esperteza, três milhões de euros à custa de uma instituição religiosa.
Pena suspensa para um gatuno que abusa da confiança dos seus clientes e da sua entidade patronal, desviando milhões de euros em seu proveito, é uma forma exemplar de constatarmos o estado a que a nossa justiça chegou. Quem a pode levar a sério após ler uma decisão dessas, é a questão que se coloca. A justiça, como pilar fundamental de um Estado de Direito, não pode empurrar-nos para a conclusão que o crime, ou pelo menos algum crime, aquele que vulgarmente é designado de “colarinho branco”, compensa e de que maneira.
Facto relevante nesta edição é também a Câmara de Santarém que aparece com assuntos de tribunal em quatro peças, todas elas de interesse jornalístico mais do que justificado. O caso Rosa Damasceno é um bom exemplo que ainda dura da gestão socialista e dos interesses instalados durante o mandato de Rui Barreiro, Idália Moniz e companhia. Que pena vivermos numa região sem gente valorosa na política. A peça que escrevemos sobre o Rosa Damasceno deixa perceber como os políticos e os advogados da Câmara de Santarém foram inábeis e irresponsáveis. Deixar esta gente impune, pelo menos à luz da opinião pública, é crime tendo em conta que vivemos num mundo global onde toda a gente tem acesso aos meios de comunicação social e, na sua grande maioria, os jornais são tribunas abertas à participação dos cidadãos.
O conflito que começou agora, entre a autarquia escalabitana e o empreiteiro, nas obras do antigo matadouro, não deixa de ser também um bom exemplo dos tempos conturbados que se vivem na autarquia que corre o risco de falir por falta de dinheiro e por falta de políticos à altura de uma boa gestão da coisa pública. Santarém precisa de se livrar deste estigma do conflito e do incumprimento. Já era tempo de alguém, com respeito na opinião pública, propor um debate sobre que cidade é esta e de que forma é que os cidadãos podem ajudar para merecerem uma cidade melhor.

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