quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Santarém é uma vergonha


Santarém é um planalto em tempos muito cobiçado por gentes das mais variadas classes sociais. Cidade dominante de uma lezíria que é das mais belas do mundo, com um rio aos seus pés que ainda permite o acesso, sem restrições, em qualquer lugar das suas margens.
É este planalto, habitação dos povos mais antigos da Europa, morada de rainhas, reis e príncipes, sepulcro de Pedro Alvares Cabral, que um dia destes pode ser ocupado, no seu todo, por uma tenda de circo a fazer crer no circo como a diversão principal do nosso povo e da classe política e intelectual.
Vai por aí um burburinho por causa da passagem do governo da presidência da câmara a tempo parcial. Os locais, à falta de assuntos que sirvam para molharem os beiços, aproveitaram o facto político para reacenderem os altares da má-língua. E os actores de cena, como é normal em tempos de crise de valores e de espectadores pagantes, enfeitam-se de substantivos e adjectivos e toca de malhar no capacete onde se refugia a cabeleira piolhosa dos arautos e uma ou outra careca mais lustrosa mas nem por isso menos sebenta.
Com todo o respeito que tenho pelos planaltos de Abrantes, Ourém, Torres Novas, e até da Chamusca, que, embora não tenha um planalto amuralhado, tem algumas colinas que parecem castelos sonhados, com todo o respeito por Almeirim que é a rainha das cidades da lezíria, ou pela Golegã que é a vila ribatejana mais famosa no mundo, enfim, com toda a consideração que me merecem as Azinhagas das nossas vidas, o planalto de Santarém é, sem dúvida, aquele que mais me preocupa neste momento por causa dos efeitos nefastos da mais do que avistada tenda de circo que promete transformar a cidade numa aldeia das caneiras.
Embora não tenha sangue árabe, nem me passe pela cabeça que alguns dos meus antepassados estejam enterrados por debaixo das muralhas da scalabis, gosto desta cidade como se fosse terra do meu berço. Por isso preocupa-me que o planalto se transforme num lugar de espectáculos, num auditório de actores e espectadores.
Na semana em que Moita Flores anunciou o governo em regime de não exclusividade (só faltava anunciar porque o seu governo foi quase sempre assim), O MIRANTE fez manchete de mais um processo do CNEMA contra a câmara tentando gamar dos seios da autarquia mais uns tantos milhões recorrendo ao tribunal que é sem dúvida o local mais apropriado para, em tempos bárbaros, morder as tetas e chupar o leite que ainda resta da fêmea miserável que já foi mãe dos mais inusitados bezerros sagrados da política local.
Uma vergonha; um impropério à cidade e a quem cá vive e trabalha todos os dias e gosta da terra como gosta da família. Esta gente do CNEMA merecia uma população a tempo inteiro, feriados, sábados e domingos incluídos, contra o assalto que fazem aos nossos interesses e por tudo o que não fazem com aquilo de que se apropriaram e que é do povo de Santarém e da região.

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