segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Director Geral de O MIRANTE desafia Governo a enterrar o defunto Porte Pago


No Dia da Imprensa que se realizou ontem, dia 11, em Palmela, Joaquim António Emídio, diretor geral de O MIRANTE, desafiou o Ministro Miguel Relvas a fazer o funeral ao Porte Pago para a Imprensa depois do Governo socialista, do tempo de Arons de Carvalho, lhe ter começado a fazer o funeral.


O Dia da Imprensa em Portugal está marcado para sempre na vida de O MIRANTE.


Há dois anos, quando o dia da Imprensa se comemorava em Santarém, a 50 metros da nossa redacção principal, fomos visitados à hora em que as ilustres personalidades discursavam, por um juiz, um delegado do ministério público, dois inspectores da polícia judiciária, uma administrativa do tribunal de Santarém, e o presidente do sindicato dos jornalistas. Finalidade: um advogado da nossa praça, ofendido por um artigo em que era personalidade visada, pôs a justiça a trabalhar num processo sem pés nem cabeça que não deu em nada mas que deve ter custado uns milhares de euros aos cofres do Estado e teve esse mérito especial de nos assustar e confirmar que vivemos num país de muitos equívocos (para ser brando nas palavras).

Tinha que contar este episódio por que nem o facto de termos o Dia da Imprensa a decorrer ali ao nosso lado, e de a notícia ter sido espalhada logo depois, gerou o mais pequeno interesse na classe dos jornalistas.
Imagine senhor Ministro Miguel Relvas que não me conhece de lado nenhum; esqueça que de há 25 anos a esta parte sabemos quase tanto um do outro como os beirais das casas sabem da chuva; o Senhor porque fez quase toda sua vida política na região de abrangência do nosso jornal; nós porque somos jornalistas e sabemos fazer o nosso trabalho.

Esqueça que nos ajudou a abrir caminho para a Assembleia da República onde fomos algumas vezes chamar os bois pelos nomes na hora de reivindicarmos mais justiça para a comunicação social regional. Esqueça que sabe como funciona a maioria dos jornais locais e sabe, da experiência e da observação e do trabalho político, como se constrói uma empresa de comunicação social como aquela em que trabalhamos, que é única no país.
Deixe que lhe dê um exemplo. No concelho de Palmela, onde estamos hoje, O MIRANTE é líder entre todos os jornais nacionais em Fidelidade e Afinidade segundo o bareme imprensa da Marktest no estudo realizado na zona centro e sul. A difusão de O MIRANTE é de tal forma grande e substantiva nos concelhos onde trabalhamos do outro lado do Tejo que conseguimos ser líderes no concelho de Palmela e de Setúbal embora tenhamos aqui poucos leitores

O senhor Ministro deve saber que há uma lei que obriga o estado a publicar 15% da publicidade institucional nos jornais regionais e que nunca foi cumprida nem em 1%.; o senhor Ministro deve saber que ao acabarem com a obrigatoriedade da publicação dos editais e publicações de várias instituições do Estado os jornais de proximidade perderam uma das suas receitas mais importantes e o Estado perdeu transparência na relação com os cidadãos; o Senhor Ministro deve saber que o preço mínimo de assinatura e o pagamento à cabeça foi uma invenção de tal modo surrealista que já passaram “paletes” de governantes por esta pasta e ninguém conseguiu, até hoje, corrigir uma lei que nem lembrava ao diabo que parece ser mais inteligente que o dirigente socialista que também esteve na origem da redução do Porte pago para 40%.
Senhor Ministro Miguel Relvas: a imprensa regional e local merece mais do que a atenção que os últimos secretários de Estado lhe têm dedicado. Os milhares de jornalistas que se licenciaram para trabalharem no mercado mereciam melhores governantes e governos mais justos e atentos ao país real.
Todos sabemos que o Senhor tem várias batatas quentes na mão a começar na privatização da RTP e a acabar no problema com o segredo de Justiça. Mas isso não é desculpa para não fazer justiça às empresas de comunicação social que criam emprego e são a voz da cidadania no país real que o Senhor conhece muito bem.
Pergunte aos empresários que trabalham no país real se eles estão contentes com o sistema do Porte Pago (PP) e com o trabalho de distribuição dos correios que nos levam coiro e cabelo.
Se o Senhor não tem tempo ponha alguém a trabalhar para ver se consegue perceber de que vale ter um subsídio de PP de 40 % sobre preços que nós não podemos negociar com os correios por estarmos de mãos e pés atados pela forma como este sector sempre foi gerido e, de certo modo, manobrado pelos vários interesses instalados.
O Gabinete de Meios serve para quê? A secretaria de Estado que o seu ministério tutela serve que interesses? De que forma é que o Estado vai compensar os jornais que estão a migrar para o digital? De que forma é que o Estado vai apoiar os projetos regionais que tentam sobreviver fora dos grandes centros e à margem dos grandes interesses económicos?
Se começaram o funeral do PP porque é que não enterram o morto? Se desafiaram as empresas a sobreviveram com as regras do mercado porque é que o Governo continua a financiar os CTT e não obriga a sua administração a entender-se com as empresas do setor que são tratadas como se tratam órfãos de pai?

O Senhor acredita na regionalização e não acredita que há gente valorosa por esse país fora que também sabe gerir uma televisão e fazer jornalismo de qualidade que não sirva apenas morangos com açúcar e intrigas ao jantar?
Joaquim António Emídio

*Texto lido em Palmela no almoço que reuniu todos os participantes no Dia da Imprensa comemorado a 11 de Dezembro em Palmela.

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