quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Uma democracia pelintra

Fico satisfeito por ver que as televisões e os jornais, na generalidade, não vão fazer a cobertura da campanha eleitoral para as eleições autárquicas. Finalmente o Poder da Comissão Nacional de Eleições fez-se ouvir. Com as televisões e a grande maioria dos jornais de referência a viverem graves problemas financeiros, com a queda do investimento publicitário, não há dinheiro para pagar as multas. Deus escreve direito por linhas tortas. Finalmente os políticos vão provar do seu próprio veneno. A partir de agora é certo que vão alterar a lei. Mas é a crise financeira que os obriga a serem responsáveis. É lamentável. Por aqui se vê a pelintrice desta democracia.
A política é cada vez mais a disciplina mais pobre da cultura. Sobram os vendilhões do templo. Isso não faz com que não acreditemos numa nova geração de políticos de quem se espera muito trabalho para darem a volta a isto.
Natália Correia acaba de ser homenageada com a publicação de uma Biografia da autoria de Fernando Dacosta. Quem tiver memória lembra-se da polémica à volta da sua reforma e das angústias que viveu enquanto ia gritando que “a pobreza é a grande arma de domínio utilizada pelos ricos, mas eu prefiro desaparecer a submeter-me”.
Num tempo em que a palavra Pátria perdeu muito do seu simbolismo e significado, relembro Natália Correia por ser a grande Mátria e a sua Obra política e literária estarem cheias de razão antes do tempo. Ficam aqui duas frases que estão espelhadas na biografia de Fernando Dacosta; “A Europa será dentro de escassos anos dominada pelo quarto mundo, um mundo composto por três gigantescas maiorias de anatematizados: a dos idosos, a dos desempregados e a dos migrantes. As pressões que exercerão mudarão profundamente as estruturas de trabalho, lazer, produtividade (:)”. “Os detentores dos poderes julgam que a vida se resolve com produtividade, com quantidade. O problema actual do Homem não é, porém, esse: é o da desumanização, o do cansaço, o da falta de desejo, tanto a nível individual como coletivo. Passa-se fome por questões políticas, não técnicas, por problemas de distribuição, não de produção. Precisamos de inventar novas preguiças para criar novas sobrevivências”. JAE

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