quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Procura-se editor para Walmir Ayala

Na passada semana montei-me na minha bicicleta e fui até ao Porto beber um café com o editor José da Cruz Santos. Conheço-o das edições “Inova” e “O Oiro do Dia” que fizeram história quando eu ainda procurava os livros pelas referências das leituras dos meus autores preferidos.
Em Lisboa viajo anónimo. No Porto, onde vou mil vezes menos que a Lisboa, parece que estou em casa. O taxista que me levou à Praça Guilherme Gomes Fernandes perguntou-me, quase afirmando, se eu ia visitar a livraria com montra para o largo.
Foram os livros que na passada terça-feira me levaram na mesma bicicleta de quatro rodas a um almoço no Pombalinho. O meu companheiro veio ao meu encontro montado num cavalo. Estacionei a minha bicicleta à porta do restaurante e ele prendeu o cavalo num terreno cercado a 20 metros do restaurante “O Peso”.
Há quase um ano que procuro editor em Portugal para um autor brasileiro que escreveu um romance que comemora em 2014 cinquenta anos sobre a primeira edição. Sou leitor e admirador da Obra literária de Walmir Ayala e gostava de ajudar a dar a conhecer alguns dos seus livros em Portugal mas os editores portugueses preferem os autores americanos e ingleses que saíram das últimas fornadas dos cursos de escrita criativa.
Nos últimos dias as televisões e os jornais deram destaque às eleições no Brasil como se o país fosse o nosso melhor aliado; a gente vê, lê e não acredita; a imprensa ignora a realidade do país a meia centena de quilómetros de Lisboa mas serve-nos as eleições no Brasil à mesa como se estivéssemos todos ligados ao Brasil pelo cordão umbilical. Não estamos; e os governantes só se conhecem para visitas de cortesia e assinatura de protocolos que não passam do papel.
O exemplo mais à mão é a Casa do Brasil em Santarém. Nem o túmulo de Pedro Álvares Cabral na Igreja da Graça merece mais do que umas centenas de visitantes por ano.
Algumas das Obras literárias mais importantes em língua portuguesa são de autores brasileiros e isso é tão importante para Portugal como o que chega pelo Tejo abaixo a Lisboa e fica ali a boiar no Mar da Palha. JAE

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A CIMPOR é um nome numa saca de cimento

A CIMPOR é um nome numa saca de cimento desde que os brasileiros compraram a empresa. Recentemente O MIRANTE noticiou casos de poluição graves que comprometem a qualidade do ar e podem por em perigo a saúde da população de Alhandra que vive mais perto da cimenteira. A mudança de controlo da fábrica ao nível dos accionistas não deveria implicar menor rigor na qualidade ambiental que está nas mãos dos técnicos da fábrica e não nos seus novos accionistas. O problema pode estar na falta de uma administração de proximidade que garanta a permanência dos melhores técnicos e daqueles que, em conjunto, conhecem os riscos da laboração de uma cimenteira em cima de uma vila com mais de seis mil habitantes.
Trago o assunto a esta coluna por ter percebido que a nova administração da fábrica se deve estar marimbando para quem leva com a poluição em cima ao desprezar a gestão dos equipamentos que em boa altura foram construídos para serem moeda de troca pelos efeitos nocivos da fábrica em cima das casas de habitação.
Recordo que no dia 6 de Janeiro deste ano houve uma ruptura num forno da fábrica que estava parado para reparação e manutenção. Na altura mais de uma centena de pessoas deslocaram-se à fábrica para pedirem explicações e para lavarem os seus carros que ficaram cobertos de pó. JAE

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

A Justiça que vai ficar na História

Os jornalistas de O MIRANTE são vizinhos do Tribunal de Almeirim onde os processos não andam nem desandam. Até há pouco tempo todos os advogados eram unânimes: ah tens um processo no Tribunal de Almeirim? Então esquece ou faz um acordo mesmo que seja mau. Por causa da reforma judicial e dos problemas informáticos o país só fala dos advogados e dos processos que estão a por em causa a lei e o Estado de Direito.
Estamos solidários com todos os advogados que têm clientes presos, que não conseguem receber o dinheiro das penhoras, etc, etc, e achamos muito estranho que a ministra da Justiça venha dizer que o que se passa é apenas um incómodo. É lamentável que uma ministra da Justiça fale assim. Mas chegou a hora de perguntar: o Tribunal de Almeirim, e outros que existem por esse país fora, não pertencem ao sistema? Os portugueses que têm os seus processos parados nos tribunais que o sistema pôs no índex são portugueses de segunda? O que se está a passar entretanto para haver futuro não é menos gravoso que haver tribunais de Almeirim por esse país fora? Eu acho que sim. E tiro o chapéu à senhora ministra por ter tido a coragem de arriscar esta reforma.

Os juízes estiveram reunidos em congresso e pediram aumentos de ordenados à senhora ministra. E vão tê-los. Toda a gente se lembra da recente condenação de um homem que roubou para comer num supermercado do Porto. Toda a gente anda a perguntar que Justiça se deve fazer aos juízes que são tão bons a produzir sentenças nos pequenos crimes e nos grandes não têm mãos que cheguem para condenar os poderosos. Mário Soares está na capa do jornal “Expresso” da passada semana a abraçar Isaltino Morais e a confessar que ele foi vítima num país onde os grandes criminosos ficam impunes. Se os juízes não responderem, com mais trabalho e coragem, aos desafios que lhes estão a ser feitos há muitos anos, a democracia portuguesa já foi. Aliás, quem vai ficar na história daqui a muitos anos não é Passos Coelho nem Cavaco Silva; é a Justiça e os seus protagonistas que têm ficado muito mal no retrato. Basta lembrar as prescrições no caso Jardim Gonçalves e o resto que nem é bom falar porque é mau demais. JAE

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

As mulheres e os livros

As mulheres e os livros foram, e ainda são, o que de mais importante aconteceu na minha vida. Até hoje. O assunto vem a propósito da minha preferência por literatura no feminino, embora não seja faccioso, e da minha simpatia por E.L. James e pelos seus três volumes da trilogia de “As 50 Sombras de Grey”.  Só li de fio a pavio o primeiro volume; os outros li-os com a minha habilidade para passar os olhos e reconhecer terrenos já pisados.
 Fui eu que descobri no meio da entrevista ao director da Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira aquela célebre sentença de que “As 50 Sombras de Grey” não entravam no Olimpo vilafranquense. Fui um dos maiores culpados de toda a polémica que já fez correr muita tinta e que obrigou o director a cumprir ordens e a comprar os três volumes de literatura erótica para mulheres e homens mal casados e mal f*.
Como nunca esqueço uma boa história, e gosto de acompanhar os êxitos literários, tenho continuado a seguir as tabelas de vendas dos livros em Portugal. Com espanto reparo que os três volumes de “As 50 Sombras” continuam na lista dos mais vendidos.
Um dia destes uma mulher falou-me no assunto; disse-me que leu o livro com espanto e que todas aquelas cenas também a motivaram e fizeram sonhar. Depois deu testemunho sobre todas as suas amigas que leram o livro igualmente com paixão e interesse pela história. “Todas as mulheres percebem que aquele homem não existe; mas existe o que ele faz com a personagem feminina; e é isso que torna o romance interessante”.
Trago este assunto a lume porque dizem que vem aí o filme baseado na história.
Nos meus livros preferidos tenho autoras muito melhores que E. L. James e As 50 Sombras de Grey. Por exemplo “Entrega”, da jornalista australiana Toni Bentley, que comecei por descobrir na Feira do Livro de São Paulo (Brasil) que é uma das maiores do mundo. Mas o livro é tão bom e tão pornográfico que alguém que seja apanhado com ele pode ser acusado de alta traição a um casamento ou a um namoro. Uma mulher com as “As 50 Sombras de Grey” debaixo do braço é só uma mulher que anda a ler um dos livros do momento. 
A trilogia de “As 50 Sombras de Grey” foi o que de melhor aconteceu às mulheres e aos homens no último século em matéria de literatura erótica. Pelo menos para a grande maioria dos leitores em português. Quem quiser dar uma espreitadela à ‘Entrega’ sempre pode discordar de mim por uma boa razão. JAE

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Somos todos uns “gatunos”

No departamento comercial de O MIRANTE onde trabalha uma equipa de dez pessoas a facturarem publicidade, somos uns ladrões. Foi assim que o senhor Cunha, um nosso assinante do estrangeiro, nos tratou durante dois telefonemas seguidos insistindo que tínhamos que lhe publicar um anúncio ao preço de 2011. Nesta casa, do outro lado do telefone, há uma paciência infinita para quem nos chama ladrões e para quem se pendura no nosso pescoço a agradecer o trabalho que fizemos numa ou noutra reportagem, neste ou naquele caso em que ajudamos a fazer andar o mundo.
O relatório diário da Mariana é um pedaço de prosa para azias, diarreias, dores de cabeça e reumatismo. Que pena não poder ser comercializado; renderia fortunas. Que pena os textos não poderem ser adaptados para teatro; certamente seria um êxito à Lá Féria.

O ano passado, por esta altura, O MIRANTE patrocinou a actividade desportiva de um grupo com uma boa história no associativismo regional. Passou um ano e durante este tempo não recebemos uma carta, um convite, um sinal de que o nosso patrocínio tinha chegado em boa altura e por boas mãos. O que chegou entretanto foi uma nova carta a pedir a renovação do patrocínio. Desta vez a carta não se limitava a pedir o cheque; trazia pedidos de desculpas e outras histórias que não vale a pena contar. Fica a nota mas não mais do que isso. O associativismo é uma actividade nobre demais para que pague o justo pelo pecador. Este ano já apoiámos outras associações e fomos mais cuidadosos na escolha.
Deixo aqui uma novidade para quem me ler. Em 2015 O MIRANTE vai apoiar mais associações numa política de ligação com as comunidades dos 23 concelhos onde trabalhamos e somos o jornal da terra. Para quem leva o seu trabalho a sério fica a informação para começarem a adiantar trabalho caso assim o entendam. JAE