quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Banqueiros à solta e políticos presos

Todas as semanas preparo o meu físico e cuido do meu espírito fazendo 200 piscinas. Cem são reais; as outras são imaginárias. Resolvi contar o devaneio. Há uns tempos que vou almoçar todos os dias da semana ao Complexo Aquático de Santarém. A mesa onde almoço tem vista privilegiada para a piscina olímpica interior. A Joana faz-me companhia. Trabalhamos na mesma empresa mas é à hora do almoço que fazemos as reuniões sobre os assuntos mais quentes e pomos a conversa em dia. A ordem de trabalhos começa assim que pomos os pés na rua e, regra geral, é quase sempre sobre o que fez abanar o telhado da casa ou varreu as telhas.
Quando chegamos à mesa do restaurante e os meus olhos caem na água azul da piscina dou o meu primeiro mergulho. Enquanto esperamos pela sopa e a Joana atende as chamadas de telemóvel vão mais dois ou três. Antes do prato principal nunca faço menos de cinco piscinas, ora de bruços ora de costas, sempre a grande velocidade e de forma olímpica com os olhos pendurados na água cristalina.
Cerca de meia hora depois de chegarmos, quando a sopa não vem a ferver ou o prato principal não tem espinhas, e o Marco serve o café curto e bem quente, já dei vinte mergulhos; mais coisa menos coisa. Há dias em que a Joana nunca se cala durante o almoço e atende o telefone dezenas de vezes fazendo acrobacias com o telemóvel e o i-Pad. Nessas alturas nado que me farto; É verdade que o exercício é todo espiritual; mas sem um espírito forte e fantasioso não somos homens nem somos nada nestes tempos tão conturbados de banqueiros à solta e políticos presos.  

O relatório da Mariana desta semana é só desgraças: telefonemas de mães desesperadas que precisam da ajuda da Comunicação Social para internarem os filhos malucos; recados por email de gente aflita a pedir a ajuda que jamais podemos dar e que compete às autoridades. Nem tudo são missões impossíveis. Na maioria dos casos os telefonemas e as dicas dos leitores para trabalhos editoriais são pertinentes e ajudam-nos a cumprir a nossa missão.

O surto da legionella e a forma como a população do concelho de Vila Franca de Xira tem sabido comportar-se prova que somos um povo bom e sereno. Ainda bem que a autarquia tem um presidente de câmara que não é de meias medidas. Ninguém quer olho por olho, dente por dente, mas a culpa não pode morrer solteira. Um crime é um crime, um crime, um crime, e já morreram muitas pessoas, e outras estão apavoradas e podem ficar com muitas marcas, só porque tiveram o azar de estar no lugar errado à hora errada. E não era suposto. O concelho de Vila Franca de Xira é um lugar seguro para viver, ou foi durante muito tempo, e agora já ninguém tem certezas. JAE

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