quinta-feira, 12 de março de 2015

A importância de se chamar Pombeiro

O rio Tejo, que é o rio da minha aldeia, continua a ser para mim um ilustre desconhecido. Não só nunca o desci desde a nascente até à foz como não conheço o rio para lá de Abrantes. E embora seja um apaixonado pelas suas margens e pelas suas marachas nunca encontrei com quem partilhar as minhas alegrias e preocupações.
Curiosamente, no dia em que almocei pela primeira vez com três desses militantes apaixonados pelo rio, que o conhecem como eu conheço os portos da minha área de residência, ouvi no rádio do carro, a caminho do almoço, a presidente da Câmara de Abrantes numa entrevista na Antena 1 anunciando ao mundo que a Associação de Municípios do Médio Tejo estava a protestar contra aquilo que para os autarcas do Médio Tejo é um verdadeiro atentado ao rio e aos interesses das populações.
Foi um tempo de antena e pêras. Cheguei à doca de Lisboa onde tinha o almoço marcado e ainda fiquei no carro para não perder nada da conversa. Depois liguei para 
O MIRANTE e dei a novidade. Ninguém tinha ouvido ou sabido de qualquer comunicado. A conversa era séria e Maria do Céu Albuquerque não é gaga a falar de coisas sérias. Dizia, entre muitas verdades cruéis, que o rio em tempo de Inverno nem sequer leva um caudal ecologicamente sustentável. Coisa que nós vemos todos os dias e que nos angustia mas que não podemos resolver nem tão pouco sabemos como mostrar indignação.
É evidente que fiz do assunto tema de conversa ao almoço. E comecei logo ali a perguntar quem é que na Associação de Municípios do Médio Tejo acha que resolve o assunto da falta de água no rio sem o envolvimento das populações e das suas associações, dos seus órgãos de comunicação social e dos políticos de toda uma região que não só do Médio Tejo. 
Passaram mais de cinco semanas sobre esta tomada de posição dos autarcas. Tempo suficiente para que o assunto já tenha sido esquecido depois de um comunicado muito bem elaborado cujo original deve estar num arquivo do chefe de gabinete de Passos Coelho e o respectivo duplicado na pasta de arquivo do Senhor Pombeiro, que é uma espécie de manga de alpaca da Associação de Municípios do Médio Tejo.
Por último: conheço o documento por me ter sido enviado por um amigo de Lisboa e foi com essa informação que fizemos notícia na altura. Pelo que percebo nem o site da associação fez notícia ou publicou o comunicado.  JAE

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