quinta-feira, 2 de abril de 2015

Exercer a cidadania contra os banqueiros

Esta crónica é um apelo aos mais esclarecidos da nossa urbe; um apelo aos homens de bom coração que gostam da sua rua e amam a sua terra e as suas gentes. Os bancos têm falta de dinheiro por causa da crise. A grande maioria das pessoas está a levantar o seu dinheiro ou a deixá-lo à ordem para qualquer imprevisto. Anda uma azáfama danada nos altos quadros dos bancos a imporem resultados aos gerentes das agências. A ordem é clara e não tem segredos; vendam aos novos e velhos, aos mais e menos esclarecidos, os produtos que mais interessam ao banco. Precisamos de capital, não podemos adormecer, o dinheiro é o nosso negócio, quem não souber trabalhar perde o emprego.
É mais ou menos isto que os empregados dos bancos ouvem dos seus superiores quase diariamente impondo resultados ao final do mês. Os clientes menos avisados, muitos deles com idade para serem filhos dos funcionários dos bancos, se não forem cautelosos vão continuar a investir as suas poupanças em produtos tóxicos. Quando precisarem do dinheiro ele já se evaporou nos negócios ruinosos dos banqueiros. Quando morrerem os seus herdeiros vão ficar com contas comprometidas em depósitos manhosos feitos por pessoas que precisam de garantir o seu emprego e por isso não questionam mais a ética e as boas práticas do negócio.
Depois do BES vai ficar tudo igual. Já não há limites para quem domina o sistema. Depois do que se passou com Ricardo Salgado, que era considerado o príncipe dos banqueiros, o dono disto tudo, o maior amigo dos políticos influentes que usam cravo na lapela, só nos resta acreditar em milagres.
Entretanto voltemos aos velhos tempos e em vez de campanhas de alfabetização assumamos que é um dever de cidadania avisar os incautos sobre as intenções dos banqueiros. Devemos e temos obrigação de exercer a cidadania informando os nossos amigos, familiares e vizinhos sobre como podem defender-se dos enganos dos donos do dinheiro.
Os juros dos depósitos a prazo são ridículos. Quem não sabe o mundo em que vive vai aceitar dois ou três por cento num produto sem retorno garantido. Anda tudo a disparar pólvora seca contra o que já não tem remédio mas o sistema bancário vai continuar a tentar triturar aqueles que ainda não caíram no conto do vigário.
O coração mais negro da maldade fez com que Ricardo Salgado e o seu banco deixassem milhares de portugueses na pobreza depois de uma vida de trabalho. É justo que na nossa rua, na nossa aldeia, na nossa terra, sejamos solidários e avisemos os mais velhos e impreparados para lidarem com os bancos avisando-os de que já não há rendimentos nas contas a prazo. Se receberem ofertas é porque lhes estão a tramar a vida. JAE

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